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13.01.2025 04:25 PM
EUR/USD: Inflação, inflação e mais inflação

Esta semana será decisiva para os traders do par EUR/USD, com a iminente divulgação de dados importantes sobre a inflação nos EUA. Esses relatórios não apenas influenciarão o resultado da tão aguardada reunião do Federal Reserve em janeiro, mas também terão impacto sobre a reunião de março. Os fortes dados de emprego não agrícola (Non-Farm Payroll, ou NFP) divulgados na última sexta-feira indicam que o Fed pode adotar uma abordagem mais cautelosa em março. Ainda assim, permanece uma certa incerteza no mercado.

De acordo com a ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de uma pausa nos juros em janeiro é de 95%, enquanto a chance de uma pausa em março é de apenas 58%. Os relatórios de inflação podem desempenhar um papel fundamental na decisão do Fed de manter sua postura atual, desde que os dados estejam em linha com as previsões ou dentro da chamada "zona verde".

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Terça-feira, 14 de janeiro: Índice de Preços ao Produtor (PPI)

O Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos E.U.A., que recentemente tem mostrado uma tendência de alta, deve ser publicado. As previsões indicam que essa tendência continuará a favorecer os touros do dólar. Prevê-se que o PPI de dezembro suba para 3,1% em relação ao ano anterior, marcando o nível mais alto desde março de 2023. Em uma base mensal, o índice deve aumentar 0,5%, seguindo a trajetória ascendente observada em outubro e novembro, o que sugere uma tendência sólida.

O núcleo do PPI, que permaneceu estável em 3,4% em relação ao ano anterior nos últimos dois meses, deve se manter nesse nível em dezembro.

Quarta-feira, 15 de janeiro: Índice de Preços ao Consumidor (CPI)

O principal relatório macroeconômico da semana, o CPI (Índice de Preços ao Consumidor), está programado para ser divulgado. As previsões preliminares indicam um aumento de 0,4% mês a mês, o maior desde março de 2024, e de 2,9% ano a ano, o maior desde julho de 2024. O índice tem mostrado tendências de alta nos últimos dois meses (outubro e novembro), e dezembro deve seguir esse padrão.

O núcleo do CPI, que permaneceu estável em 3,3% nos últimos três meses, é projetado para subir para 3,4% ou manter-se no mesmo nível, de acordo com analistas.

Essas previsões preliminares de inflação representam um desafio para o Federal Reserve. Caso o CPI e o PPI sejam divulgados nos níveis previstos — ou dentro da chamada "zona verde" —, o dólar deverá encontrar um suporte significativo. Nesse cenário, a data projetada para o primeiro corte na taxa de juros em 2025 poderá ser adiada, pelo menos até maio.

No entanto, o calendário econômico da próxima semana reserva mais do que apenas esses dois relatórios. Embora sejam os mais relevantes, influenciando diretamente a negociação de todos os pares de dólar, incluindo o EUR/USD, destacaremos também outros pares significativos para os traders.

Segunda-feira

No início da semana de negociações, é crucial acompanhar as notícias provenientes da China, especialmente a divulgação de indicadores relacionados ao comércio exterior.

Durante o pregão americano, será publicado o relatório mensal sobre a execução do orçamento dos Estados Unidos. Esse relatório detalha a diferença entre as receitas e as despesas orçamentárias do governo. Embora seja um indicador macroeconômico relevante, é geralmente considerado de importância secundária e frequentemente ignorado pelo mercado.

Terça-feira

Nesta terça-feira, será divulgado o índice PPI, considerado o indicador econômico mais significativo do dia.

Durante a sessão americana, também será publicado o Índice de Otimismo Econômico RealClearMarkets/TIPP. Contudo, esse índice só deverá impactar o par de moedas caso apresente uma divergência significativa em relação à previsão. Espera-se um leve aumento, de 54,0 para 55,1. Apesar disso, é provável que este relatório seja ofuscado pelo PPI, que tende a gerar maior volatilidade nos mercados.

Além disso, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, está programado para discursar na terça-feira. Seus comentários podem abordar os dados do último relatório de emprego (Nonfarm Payrolls) de dezembro e o índice de preços ao produtor, já que o relatório de inflação estará disponível antes de sua fala. Em sua última declaração pública, feita em dezembro, ele afirmou que o banco central consideraria um novo corte de juros quando os riscos para a inflação e o emprego se tornassem mais equilibrados. Caso adote uma postura mais hawkish e questione a viabilidade de uma flexibilização monetária no curto prazo, o dólar poderá encontrar suporte adicional.

Quearta-feira

O relatório do IPC será divulgado nesta quarta-feira, sendo o evento central do dia. No mesmo dia, o Federal Reserve publicará sua pesquisa econômica mensal por região, conhecida como Livro Bege. Também será divulgado o Índice Empire State de Atividade Industrial, que avalia a saúde econômica do setor industrial no estado de Nova York. Após um leve aumento de 0,2 em dezembro, a expectativa para esse índice é de uma queda para -0,3. Para referência, o indicador havia subido para 31 pontos em novembro.

Além disso, várias autoridades do Federal Reserve farão declarações na quarta-feira, incluindo Thomas Barkin, Neel Kashkari, Austan Goolsbee e John Williams.

Terça-feira

As atas da reunião de dezembro do Banco Central Europeu (BCE) serão divulgadas. Na ocasião, o BCE reduziu as taxas de juros em 25 pontos-base e sinalizou a possibilidade de novos cortes. Caso as atas mostrem que os membros do BCE estão mais preocupados com a fraqueza da economia europeia do que com o aumento da inflação, isso poderá exercer pressão adicional para a desvalorização do euro.

Nos Estados Unidos, durante a sessão americana, serão divulgados dados sobre o crescimento semanal dos pedidos iniciais de auxílio-desemprego. Na semana passada, o número caiu para 201.000, o nível mais baixo desde janeiro de 2024. As previsões indicam um aumento para 210.000 na próxima semana. Contudo, se o número cair inesperadamente abaixo de 200.000, o dólar poderá se fortalecer significativamente, reforçando uma tendência de baixa e marcando uma redução pelo quarto mês consecutivo.

Outro relatório relevante na quinta-feira será o de vendas no varejo nos EUA. A expectativa é de que as vendas totais aumentem 0,6%, após um crescimento de 0,7% no mês anterior. Excluindo o setor de transporte, a previsão é de um aumento de 0,5%, em comparação com 0,2% no mês anterior.

Além disso, será divulgado o índice de preços de importação, outro indicador de inflação. Embora seja considerado secundário, pode oferecer insights relevantes. Para dezembro, espera-se uma alta de 1,4% em termos anuais, após aumentos de 1,3% em novembro e 0,6% em outubro.

Por fim, outro destaque de quinta-feira será o Índice de Atividade Empresarial do Fed da Filadélfia. Esse indicador apresentou valores negativos nos últimos dois meses, atingindo -16 pontos em dezembro. Para janeiro, espera-se uma melhora, com previsão de subida para -7,0. No entanto, o dólar só será fortalecido caso o índice supere as expectativas e saia da zona negativa.

Sexta-feira

Na sexta-feira, durante a sessão asiática, serão divulgados dados importantes sobre o crescimento econômico da China no quarto trimestre de 2024. Vale destacar que, no terceiro trimestre, o PIB da China cresceu 4,6%, ficando abaixo da meta do governo, que era de 5%. As previsões indicam que o PIB do quarto trimestre ainda estará em torno de 5%. Se o relatório ficar abaixo das expectativas, o dólar poderá ganhar suporte como um ativo porto-seguro, impulsionado pelo aumento do sentimento antirrisco.

Durante a sessão americana de sexta-feira, os EUA publicarão dados sobre o volume de licenças de construção emitidas, com expectativa de um crescimento adicional de 7,4%. Além disso, serão divulgados dados sobre a produção industrial, com expectativas de que o indicador saia da zona negativa e atinja cerca de 0,3%.

Conclusões

Esta será uma semana movimentada e volátil. Se a inflação nos EUA acelerar e os membros do Fed adotarem um tom mais hawkish, os vendedores do EUR/USD poderão empurrar o par ainda mais para a faixa de 1,0X, aproximando a paridade.

O cenário fundamental atual favorece uma queda adicional para o EUR/USD. Mesmo que o IPC e o PPI atendam às expectativas, os recuos corretivos continuam sendo oportunidades para abrir posições vendidas, com alvos em 1,0230 (Banda de Bollinger inferior no gráfico diário) e 1,0170 (Banda de Bollinger inferior no gráfico semanal).

Irina Manzenko,
Analytical expert of InstaTrade
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