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Fraca demanda, aumento da produção fora da OPEP+ e a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA, com o slogan "Perfure, baby, perfure", colocaram firmemente o mercado de petróleo em uma trajetória de baixa.
Apesar disso, o petróleo ainda encontra suporte devido à geopolítica e aos rumores de que o cartel pode reconsiderar seu plano de dezembro para eliminar o corte de produção de 2,2 milhões de barris por dia (bpd). No entanto, segundo o Irã, a OPEP+ enfrenta opções limitadas: estender os cortes comprometeria a flexibilidade da aliança e abriria espaço para que concorrentes aumentassem sua produção sem restrições.
O Brent também sofre pressão de notícias sobre um possível cessar-fogo entre Líbano e Israel envolvendo o Hezbollah, além da intenção de Trump de nomear Scott Bessent como Secretário do Tesouro. O experiente gestor de fundos hedge é conhecido por sua política "3-3-3": reduzir o déficit orçamentário para 3%, aumentar o PIB para 3% e elevar a produção de petróleo em 3 milhões de bpd. Com a produção já em níveis recordes, especialistas da Bloomberg projetam um crescimento modesto de 251.000 bpd até 2025. Caso o Tesouro implemente esse plano, os investidores otimistas com o Brent enfrentarão obstáculos consideráveis.
Nos termos preliminares do acordo entre Israel e Líbano, os EUA supervisionarão uma trégua de 60 dias. O Hezbollah se compromete a não introduzir mais armas iranianas no Líbano, enquanto Israel mantém o direito de retomar as hostilidades caso identifique violações. O cenário geopolítico no Oriente Médio parece caminhar para uma desescalada, abrindo espaço para os vendedores de Brent intensificarem sua ofensiva.
Ainda assim, alguns analistas acreditam que a reação do mercado ao iminente cessar-fogo pode ser exagerada. Afinal, o conflito entre Israel e o Hezbollah nunca resultou em interrupções significativas no fornecimento de petróleo. Seria, então, justificável vender petróleo de forma tão agressiva? Na prática, o cessar-fogo diminui o risco de novas sanções dos EUA contra o Irã, apoiador do Hezbollah. Atualmente, o Irã produz cerca de 3,2 milhões de barris por dia (bpd), e uma retomada da política de "pressão máxima" pela administração Trump poderia reduzir as exportações em 1 milhão de bpd.
A desescalada no Oriente Médio, a possível aceleração da produção de petróleo nos EUA e os sinais mistos da OPEP+ sobre o aumento da oferta criam uma base sólida para os vendedores de Brent. Projeções do Citigroup e do JP Morgan apontam para um excedente de mercado, o que pode levar os preços do Brent a cair para US$ 60 por barril. Além disso, as políticas protecionistas de Trump representam um risco ao PIB global, potencialmente reduzindo a demanda por petróleo devido a desacelerações econômicas.
No aspecto técnico, no gráfico diário, o Brent testou seu valor justo próximo a US$ 72,3 por barril. Apesar de a primeira tentativa dos vendedores de romper esse nível crítico ter falhado, é pouco provável que isso desanime os participantes do mercado. Caso ocorra o rompimento desse patamar, abre-se espaço para novas vendas, intensificando a pressão sobre os preços do petróleo.